As principais funções da máquina fotográfica digital
Uma máquina fotográfica digital pode parecer muito confusa para quem está a começar na fotografia. São muitos botões e funções que permitem muitas possibilidades e resultados diferentes.
Neste artigo vamos analisar em detalhe as principais funções da máquina fotográfica, porque conhecer bem o nosso equipamento é o primeiro passo para tirar boas fotografias.
1. Modos básicos
Os modos básicos são os mais adequados quando não se quer pensar nas configurações. Basta apontarmos e dispararmos e a câmara define tudo automaticamente, encontrando os melhores parâmetros para a fotografia ficar bem exposta.
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Apesar de mal amados e completamente desvalorizados, estes modos são muito úteis quando queremos privilegiar os “momentos” em vez da técnica. A máquina fotográfica digital pensa por nós nas configurações e podemos estar 100% focados no olhar fotográfico e na captura daqueles momentos que fazem uma fotografia absolutamente inesquecível.
Modo Automático (A)
Como o nome indica é um modo totalmente automático. A câmara analisa a cena e especifica automaticamente as melhores definições.
Cena Especial (SCN)
A câmara escolhe automaticamente as melhores definições quando seleccionamos um modo de disparo para cada motivo ou cena específica.
- Retrato: desfoca o fundo para destacar a pessoa. Além disso, suaviza também os tons de pele e os cabelos.
- Fotografias de grupo: todas as as pessoas, à frente e atrás, ficam focadas.
- Paisagens: adequado para fotografar panoramas vastos ou para obter uma boa focagem dos motivos em primeiro e segundo plano. As cores ficam mais vivas (nomeadamente azuis e verdes) e as imagens mais nítidas.
- Motivos em movimento: ideal para fotografar pessoas a correr ou veículos em movimento.
- Crianças: este modo é utilizado para fotografar crianças enquanto correm de um lado para o outro ou para dar às fotografias tons de pele mais vivos.
- Retrato noturno: confere um equilíbrio natural entre o motivo principal e o fundo nos retratos tirados com luz reduzida.
- Grande plano: usado para grandes planos de flores, insetos e pequenos objetos.
2. Modos criativos
Estes modos permitem-nos definir e controlar as configurações corretas do triângulo da exposição: velocidade, abertura e Iso. Ao contrário dos modos básicos pré configurados (ex: retrato, cena noturna, paisagem), com os modos de exposição criativos é o fotógrafo que define os parâmetros da exposição, não ficando refém das decisões da máquina fotográfica.
Em quase todas as câmaras podemos encontrar 4 modos:
- P – Programa
- S ou TV – Prioridade ao obturador
- A/AV – Prioridade à abertura
- M – Manual
Modo P – Programa
Os valores da abertura e da velocidade são definidos automaticamente pela máquina fotográfica. Neste modo podemos alterar os parâmetros do ISO, do balanço de brancos e da compensação da exposição.
Modo S / TV – Prioridade ao obturador
Neste modo definimos a velocidade de obturação com a qual queremos fotografar (que poderá situar-se entre 30 segundos a 1/8000 segundos). Podemos ainda definir a sensibilidade ISO, a compensação da exposição e o balanço de brancos. A partir daqui, a máquina fotográfica define automaticamente os valores da Abertura para obter uma exposição correta da fotografia. Este modo é sobretudo utilizado na fotografia de desporto ou quando o controlo da velocidade é fundamental para o resultado final (Ex. efeito panning, efeito seda, entre outros).
Modo A/AV – Prioridade à abertura
Neste modo definimos a abertura do diafragma que pretendemos e a velocidade de obturação é definida automaticamente pela máquina (em função dos valores do ISO e do modo de medição da luz escolhido). Tal como no modo anterior temos controlo sobre os valores da sensibilidade ISO, compensação da exposição e balanço de brancos. Este modo é adequado para fotografias onde é importante o controlo da profundidade de campo (Ex: paisagem, retrato, estúdio).
Modo M – Manual
O modo manual é o modo onde temos o controlo total de todos os parâmetros da exposição: abertura, velocidade e ISO. Não existem automatismos e é indicado para fotografarmos em condições de luz controlada ou para conseguirmos efeitos específicos numa fotografia.
3. Compensação da exposição
A compensação da exposição é um recurso em que podemos alterar os valores sugeridos pelo fotómetro da máquina, tornando as fotografias mais claras ou mais escuras.
Em geral, os valores positivos tornam o motivo mais claro, ao passo que os valores negativos tornam o motivo mais escuro. É mais eficaz quando utilizada com a medição central ponderada ou pontual.
4. Modos de medição da luz: matricial, parcial e pontual
A medição é um método que serve para medir o brilho do motivo a fotografar. Por norma nas máquinas fotográficas encontramos 3 opções:
Medição matricial
É um modo de medição de aplicação geral em que a exposição fotográfica é ajustada automaticamente de acordo com a cena. É medida uma área ampla do enquadramento e a exposição é definida de acordo com a distribuição de tons, cor, composição.
Medição parcial ou central ponderada
A medição é feita em todo o enquadramento, mas o maior peso é atribuído à área central que representa cerca de 5,5% da área total.
Medição pontual ou localizada
Esta medição é eficaz para medir uma parte específica do motivo ou da cena. Cobre uma pequena parte da área no centro do ecrã.
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5. Balanço de brancos
O balanço de brancos é um controlo da máquina fotográfica digital cujo objetivo principal é garantir a reprodução fiel das cores, de modo a que a parte mais brilhante da imagem apareça como branco, e a parte menos brilhante como preto.
As cores gravadas pela máquina dependem da iluminação e da temperatura de cor da luz ambiente (que poderá ter cores diferentes ao longo do dia, indo do amarelo ao azulado). Deste modo o balanço de brancos indica qual a temperatura da cor do ambiente, para que a máquina fotográfica possa estabelecer qual é a cor branca e a partir dela ajustar o resto dos tons da fotografia.
Existem 3 modos diferentes de balanço de brancos:
Modo automático:
o modo automático funciona correctamente em situações de luz bastante neutra. Não é muito preciso quando estamos perante uma iluminação diferente, que se altera para tons azulados ou avermelhados.
Modos semi-automáticos:
Estes modos irão definir o equilíbrio de brancos para certas configurações padrão específicas:
- Incandescente – 2.800 / 3.000 k
- Fluorescente – 4.000 k
- Luz solar direta – 4.800 k
- Flash – 5.500 k
- Nublado – 6.000 k
- Sombra – 7.000 k
> Modo personalizado:
Neste modo podemos indicar manualmente à máquina a luz que existe no ambiente. Podemos fazer isso de 2 formas:
- Tirando uma fotografia numa superfície branca ou cinzenta neutra. Depois de tirar a fotografia, o equipamento assume automaticamente essa cor como branco puro ou cinzento, e ajusta o resto das cores da fotografia com base nesse tom.
- Inserido na máquina a temperatura de cor exata em graus kelvin.
6. Ficheiros de imagem: JPEG e RAW
Qualquer máquina fotográfica digital permite gravar os ficheiros de imagem em 2 formatos: RAW e JPEG. Cada um desses formatos tem vantagens e desvantagens e é importante conhecê-las para fazer a escolha certa quando fotografamos.
– Formato RAW
O RAW é um negativo digital. Por isso, tal como os filmes negativos analógicos, tem de de ser revelado. Esse processamento é feito através de um software de edição (como o Adobe Lightroom por exemplo) para a fotografia poder ser posteriormente aberta e vista nos diversos dispositivos.
Os arquivos RAW contêm todos os dados captados pelo sensor de imagem, deixando-nos uma grande margem de manobra na pós produção. Com esses dados em “cru”, podemos facilmente alterar alguns aspetos relevantes no resultado final como o balanço de brancos, zonas de sombra e zonas de altas luzes.
- Vantagens do formato RAW:
– Possibilidade de recuperação total de realces e sombras quando tiramos uma fotografia subexposta ou sobrexposta;
– Maior quantidade de informação do ficheiro de imagem: 12 a 14 bits por cor;
– Maior liberdade técnica e criativa do fotógrafo. Todos os ajustes da imagem são feitos na pós-produção; - Desvantagens do formato RAW:
– Tempo e conhecimentos técnicos necessários para a edição / processamento do ficheiro num programa de edição;
– Para a imagem poder ser visualizada noutros dispositivos ou ser impressa, deve ser processada em primeiro lugar e posteriormente gravada noutro formato como o JPEG;
– Os ficheiros são muito grandes (24 a 36 MB) e por isso requerem mais capacidade de armazenamento;
– Formato JPEG
JPEG é o formato de imagem mais popular e universal, podendo ser visualizado em qualquer computador, programa ou plataforma.
Ao contrário do formato RAW, o JPEG é também o formato ideal para quem quer ter a fotografia imediatamente pronta para qualquer uso logo depois de fotografar.
- Vantagens do formato JPEG
– Ficheiros imediatamente prontos para serem utilizados. As configurações e ajustes como balanço de brancos, saturação, contraste e nitidez são feitas pela máquina fotográfica. O trabalho de pós produção fica assim significativamente reduzido (partindo do pressuposto que não existem erros de sobreexposição ou subexposição).
– Ficheiros menores que o RAW (4a 13 mb) e por isso requerem menos armazenamento e são gravados mais rapidamente no cartão;
– Compatibilidade / Universalidade: quase todos os dispositivos e programas suportam o ficheiro JPEG. - Desvantagens do formato JPEG:
– Ficheiros com menor quantidade de informação (8 bits por cor);
– Dificuldade na recuperação de realces e sombras. Se errarmos na exposição e a fotografia ficar sobreexposta ou subexposta, será muito difícil corrigir esta situação;
– Os ficheiros são comprimidos com perda de informação. Poderemos assim perder alguns detalhes da fotografia como contraste, cores e nitidez.
7. Histograma
O histograma é uma representação gráfica que representa o número e nível de brilho dos pixeis de uma imagem, que podem variar entre 0 (preto puro) e 255 (branco puro).
No eixo horizontal, podemos ver distribuição de pixeis por 3 zonas distintas: sombras (lado esquerdo), meios tons (zona central) e altas luzes (lado direito). No eixo vertical, vemos o número de pixels em cada uma das zonas.
De uma forma muito simples e básica, o histograma de qualquer máquina fotográfica digital pode ser lido e interpretado de 3 formas distintas:
Histograma concentrado à esquerda
Quando o histograma tem os valores todos concentrados do lado esquerdo, significa que a fotografia tem muitas zonas de sombras e tons escuros, estando provavelmente subexposta.
Histograma concentrado à direita
Quandos os valores se situam todos do lado direito, acontece o oposto. A fotografia apresenta uma grande concentração de tons claros e altas luzes, estando sobrexposta.
Histograma uniforme
Quando é possível vermos informação distribuida uniformemente nas zonas de sombra, nos meios tons e nas altas luzes, significa que a fotografia está corretamente exposta.
Para concluir
Se para além da leitura deste artigo quiser ir mais além neste tema, poderá optar por se inscrever num destes cursos de fotografia gratuitos, que certamente serão uma grande ajuda para desenvolver as suas habilidades e conhecimentos.
Conhecer em profundidade as principais funções da máquina fotográfica digital é uma condição básica para sermos criativos e livres na hora de fotografar. E aqui não importa o nível em que estamos ou o tipo de máquina que possuímos. O melhor equipamento é aquele que temos neste momento, isto desde que saibamos usar todo o seu potencial.
Uma máquina fotográfica é como um instrumento musical, temos de saber onde colocar os dedos para produzir uma nota e consequentemente uma música. Sem isso a nossa cabeça estará ocupada com a técnica e o nosso olhar fotográfico não terá espaço para se manifestar.